quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O maquiado cotidiano de inteligentes, talentosos e engraçados, tristes.





Esse meu desenho já tem quase 10 anos, é de 2006. 

«Um homem vai ao médico, diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador onde o que se anuncia é vago e incerto. 
O médico diz: "O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade, assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo." 
O homem se desfaz em lágrimas. E diz: "Mas, doutor... Eu sou o Pagliacci."»

Boa piada. Todo mundo ri. Rufam os tambores. Desce o pano. 


Esse trecho de “Watchman” é uma referência de Alan Moore a ópera “Pagliacci” de 1892. O espetáculo conta a história de Canio, um artista que, em meio a um espetáculo, descobre que está sendo traído pela mulher. A lição que tanto a HQ como a obram tentam passar, no fim, é de como algumas pessoas precisam vestir uma máscara para esconder os verdadeiros sentimentos.

É tão fácil rir e fazer alguém sorrir, dando impacto aos desgostos, fazendo piadas e achando graça das próprias tragédias. 

Mas quando você volta para casa sozinho, o que você faz? Como chorar? Como rir? Como correr, fugir de si mesmo? 
Há momentos que não existem choro e nem gargalhadas. De causas psíquicas, físicas ou de problemas temporários: Como um palhaço, vestimos uma máscara para assumir nossas fraquezas de maneira cômica, mas a angústia fica insuportável quando as luzes se apagam. 
O maquiado cotidiano de inteligentes, talentosos e engraçados, tristes.